Um vídeo em que um garoto de 7 anos fala em alto e bom som “não pode tocar na minha parte íntima”, ao ser perguntado sobre o que fazer se alguém tentar se aproximar dele de forma indevida, viralizou nas últimas semanas nas redes sociais. A gravação foi realizada em julho deste ano durante uma oficina de educação sexual ministrada pela educadora Shirlei Silva, 41 anos, na Escola Walmor Ribeiro, em Ibirama, Santa Catarina. No perfil da educadora no Instagram, a publicação já teve até o momento quase 1,4 milhão de visualizações e mais de 123 mil curtidas, fora a repercussão gerada a partir dos compartilhamentos em outros perfis e páginas da internet.
Em entrevista a Universa, Shirlei, que é de Blumenau, conta que a oficina faz parte de um projeto-piloto de educação sexual testado nos últimos meses em escolas de Ibirama e que o momento gravado corresponde ao final do encontro, quando ela costuma recapitular com os alunos o que eles aprenderam. No vídeo, é possível ver Shirlei parabenizando o garoto pela resposta e o restante da turma aplaudindo. Segundo a educadora, a oficina alcançou mais de 4 mil estudantes de instituições públicas e privadas da cidade em diferentes séries escolares e a expectativa agora é ampliá-la para outros municípios do estado
De abordagem lúdica à criação de propostas de combate a abusos Ação do projeto de educação sexual nas escolas de Ibirama (SC) Imagem: Divulgação O projeto de educação sexual nas escolas foi desenvolvido por Shirlei juntamente com uma equipe multidisciplinar e tem uma metodologia voltada para diferentes faixas etárias. Ela explica que com os alunos mais novos, do 1° ao 5° ano do ensino fundamental, os conhecimentos são compartilhados de forma lúdica, envolvendo apresentação de vídeo, jogos e contação de histórias. Uma das dinâmicas utilizadas, por exemplo, é o semáforo do toque, na qual, com o auxílio de um painel com desenhos e botões coloridos, a educadora mostra quais partes do corpo podem e não podem ser tocadas. Já com estudantes do ensino fundamental 2, são realizados estudo de caso e rodas de diálogo e, no ensino médio, os jovens são estimulados a pensarem e criarem propostas pedagógicas para serem encaminhadas ao Poder Público sobre prevenção e combate a abusos e à exploração sexual infantojuvenil. Shirlei conta, por exemplo, que as propostas formuladas pelos estudantes de Ibirama foram entregues ao prefeito da cidade em agosto. “Entre as sugestões deles, há ideias muito boas como rodas de conversa, atuação de psicóloga nas escolas e aplicativo para denúncias. Essa é uma maneira também de chamar o Estado à responsabilidade, que não é só das instituições de ensino, famílias e comunidade”, avalia a educadora. ‘Educação sexual nas escolas é necessária para prevenir e denunciar abusos’
Com a repercussão do vídeo da oficina em Ibirama, Shirlei afirma que ficou muito feliz por ter ajudado a lançar luz sobre um tema que precisa ser debatido: a importância da educação sexual nas escolas. “Após essa publicação, recebi mais de 500 mensagens de pessoas de diferentes lugares do país falando que sofreram abusos quando mais novas e que seria ótimo se tivessem tido acesso a esse tipo de trabalho na época, para saber como identificar, evitar ou coibir”, relata
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