Após mapear a incidência da violência doméstica e familiar entre as participantes, seus tipos e principais agressores, as autoras da pesquisa buscaram identificar o percurso traçado por essas mulheres para lidar com a situação, que se inicia, normalmente, com o compartilhamento da situação vivida.
A maioria das respondentes, 85%, afirmou que chegou a conversar com alguém sobre a violência sofrida. O grupo de pessoas mais procurados por elas foi o de parentes, 78%, seguido do de amigos e amigas, 71%, enquanto policiais e médicos alcançaram o índice de 14%, indicando que elas optaram por ajuda de pessoas próximas e cujo sigilo manteria a situação na esfera privada.
Ao perguntar se elas haviam procurado ajuda no sistema de justiça, das 40% que afirmaram sofrer ou ter sofrido violência, apenas 14% responderam que sim. Os principais motivos que justificam este número são: 47% não consideraram a situação vivida grave o suficiente para procurar a justiça, 32% alegaram que não precisaram do sistema de justiça para enfrentar a situação e 14% mencionaram o sentimento de vergonha de que outras pessoas que trabalham na justiça saibam da sua demanda contra a violência.
Os fatores apontados acima, em destaque do último, conforme análise das pesquisadoras, mostrou que estar inserida no sistema de justiça, ao invés de facilitar o processo de rompimento do ciclo de violência, faz com que essas mulheres se sintam ainda mais expostas e constrangidas, barreira que supera a potencial facilidade de acesso à justiça.
Deixe um comentário