Por Nai Frossard – 28/11/22
Friburgo registra esse ano 1.030 de casos de violência contra a mulher, segundo Tecle Mulher
População quer ampliação na assistência às mulheres agredidas | Foto: Reprodução/Governo do Estado
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), 7 em cada 10 mulheres vão sofrer violência ao longo de suas vidas.
Na sexta-feira, dia 25 de novembro, foi celebrado o Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher, data oficial das Organizações das Nações Unidas (ONU).
Muitas pesquisas são reveladoras e mostram uma radiografia do comportamento masculino nos casos de agressão contra mulheres, que muitas vezes, são fatais.
A diretora da organização Tecle Mulher, Laura Mury, informou que Nova Friburgo registrou esse ano 1.030 de casos de violência contra a mulher, sendo que 600 casos de violência doméstica.
Desse total, 20% foram atendidos pelo Tecle Mulher.
Laura Mury informa que número é maior do que ano passado. Em 2021 foram 924 registros em Friburgo (605 casos de violência doméstica).
Recentemente a pesquisa realizada pelo IPEC – Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica mostrou que metade dos brasileiros conhece uma mulher que já foi agredida pelo parceiro ou ex, mas 94% dos homens dizem nunca ter agredido.
Laura Mury analisa:
Isso demonstra que, para os homens, manter uma posição machista no relacionamento está dentro dos padrões sociais, mesmo que as leis estejam avançadas para a garantia dos direitos iguais entre homens e mulheres e para a proteção das mulheres.
Ao saber da agressão, a maioria (53%) aconselhou as vítimas a denunciar à polícia ou terminar o relacionamento. Mais mulheres (55%) do que homens (47%) recomendaram buscar ajuda especializada.
A pesquisa revelou que 66% consideram que a mulher agredida deve procurar primeiro uma delegacia da mulher.
O que elas fazem
Mas a pesquisa mostrou que a maioria – 42% – procurou uma delegacia de polícia, enquanto 39% procurou delegacia da mulher e 31% amigos e familiares.
A dependência financeira é um dos principais motivos que as mulheres não conseguem sair de uma relação violenta: 53% dos entrevistados tem essa percepção.
Para Laura Mury, “o desconhecimento de sua autonomia financeira faz com que permaneçam na relação”.
Medo da morte
De acordo com a pesquisa, dois em cada cinco entrevistados acreditam que elas têm medo de serem mortas e, uma parcela igual, menciona o medo de perder a guarda dos filhos.
O acolhimento da família e amigos é considerado o apoio mais importante para que essas mulheres saiam da relação violenta: 58% reconhecem como principal suporte.
Para se proteger do agressor, 53% apontam o apoio do Estado (Polícia, Justiça, por exemplo) como fundamental.
Grande maioria – 93% – acredita que as pessoas devem dar apoio ou denunciar quando perceberam que uma mulher está sendo ameaçada.
O que pensam os agressores:
A pesquisa revela uma informação de destaque: 85% dos homens sabem que a violência doméstica contra mulheres é crime, mas continuam porque acreditam que não serão punidos.
A pesquisa mostra um consenso: 99% dos entrevistados acham que o número de serviços de assistência às mulheres agredidas deve ser ampliado e 98% concordam que deve aumentar o número de delegacias especializadas no atendimento à mulher.
Laura Mury ressalta:
A implantação de serviços especializados em cada município é de suma importância para a erradicação da violência contra a mulher. A dificuldade de procurar apoio aos serviços públicos das mulheres do interior, principalmente das áreas rurais, são índices ainda obscuros para a sociedade.
Rede Mulher
Uma das ferramentas para socorrer vítimas de violência, é o Aplicativo Rede Mulher, criado em outubro pelo Governo do Estado e desenvolvido pela Polícia Militar.
O App já teve 11,5 mil downloads e o botão de emergência permite contato eletrônico com o 190, que foi acionado 64 vezes durante este período, resultando em 23 atendimentos.
Além do botão de emergência, no aplicativo, a mulher pode ser redirecionada para o site da Polícia Civil para fazer um registro de ocorrência online.
Outra funcionalidade é o modo camuflado, que quando acionado muda de aparência e só pode ser acessado por login e senha.
Há também um passo a passo de como solicitar um pedido de medida protetiva e uma lista com os centros especializados de atendimento à mulher.
Em um mês, a funcionalidade foi acionada 249 vezes. O aplicativo vai ganhar ainda um ícone que vai permitir que as mulheres atendidas possam entrar em contato direto, por mensagem de texto, com os policiais militares da Patrulha Maria da Penha – Guardiões da Vida.
O aplicativo Rede Mulher é gratuito e pode ser encontrado nas lojas virtuais App Store e Google Play.
Deam, Centro de Referência da Mulher (Crem) e Tecle Mulher
Em Nova Friburgo, o atendimento também pode ser feito pela Delegacia da Mulher, Centro de Referência da Mulher (Crem) e pelo Tecle Mulher.
O Tecle Mulher funciona Avenida Alberto Braune, 24, no Centro, sala 506, em Friburgo. Os telefones para contato são (22) 2522-2142 e (22) 2522-2142.
As vítimas de agressão – ou quem testemunha casos de violência contra a mulher – podem entrar em contato com a Deam pelo número 180.
O telefone é referente a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência e, é um serviço público, gratuito e que preserva o anonimato do denunciador se assim solicitado. Outra forma de denunciar é pelo Disque 100.
Um outro serviço de atendimento a mulheres vítimas de agressão em Nova Friburgo é feito pelo Cento de Referência da Mulher (Crem) e as denúncias são recebidas pelo telefone (22) 2525-9226.